Assessoria Empresarial Uller

Mudar de carreira após os 30: qual é o primeiro passo?

Recomeçar no mercado pode ser um grande desafio, mas está longe de ser impossível.

Quando pensam em suas vidas aos 30 anos de idade, algumas pessoas se imaginam casadas e com filhos, numa situação financeira estável; outras, viajando pela Europa e aprendendo um novo idioma. Quem já vive essa realidade, porém, pode se deparar com a temida percepção de que, se pudesse, faria tudo de um jeito diferente. Neste quesito, a carreira costuma estar no topo da lista de insatisfações. Uma pesquisa realizada pela Stress Management Brasil com pessoas de 25 a 60 anos revela que 76% dos brasileiros estão infelizes no ambiente de trabalho. Entretanto, muitos deles esperam os anos passarem e a infelicidade se multiplicar antes de fazerem alguma coisa para mudar a situação. Mas como quebrar o tabu de que é impossível mudar de carreira após os 30?

A blumenauense Daniele Letícia Martendal, de 35 anos, decidiu que era hora de parar de se questionar e começar a agir. Formada em Psicologia e atuando na área há algum tempo, ela viu a carreira estagnar: tinha planos que não se concretizavam, propunha projetos que eram ignorados e sentia que isso precisava ter fim. Sem saber que direção seguir, decidiu arriscar e colocou a mão na massa. Literalmente. “Fazia docinhos há mais de dez anos, e vendia muito bem. Gostava de saber que as pessoas elogiavam meu talento culinário, e percebi ali uma oportunidade de ter meu próprio negócio”, conta, em entrevista ao Noticenter.

Fruto da nova empreitada, a Delidani Delícias Finas oferece um mix de produtos como pão de mel, bombons, castanhas, entre outros. Hoje, Daniele comercializa mais de 1,2 mil unidades dos quitutes por mês. Mas confessa: o começo nem sempre é fácil. “É muito difícil desistir de algo em que você tem experiência e se aventurar por um mercado completamente novo. Mas a autoconfiança me ajudou a seguir em frente”, explica. “Ter uma estrutura completa para desenvolver o trabalho do jeito certo pode demorar, mas é preciso planejar e pensar que as coisas acontecem aos poucos”, acrescenta Daniele.

Rompendo barreiras

De acordo com Flávia Kurth, sócia-diretora da Véli Brasil e diretora da unidade catarinense da empresa, instalada em Blumenau, a felicidade é, sim, a maior preocupação dos profissionais contemporâneos. “É importante estar sempre atento a este termômetro. Se sair da cama para trabalhar se transformou em um martírio e você se sente desmotivado na maior parte do tempo, talvez seja hora de começar a procurar novas opções”, destaca. “Ausência de desafios, aprendizados ou conquistas também pode ser um sinal de que o trabalho não está mais dando certo”, complementa.

Hoje em dia, explica Flávia, o profissional na faixa dos 30 é extremamente jovem e pode tranquilamente mudar o rumo de sua carreira. “Vencida esta etapa, é preciso conscientizar-se de que gerir a carreira é como gerir um negócio. Uma empresa precisa de norteadores, de planejamento estratégico, de planos de ação. Da mesma forma, a gestão da carreira também requer planejamento”, comenta.

Mas qual é o primeiro passo? “Sempre que me deparo com alguém que intenciona ‘virar a mesa’ e mudar sua trilha no mercado de trabalho, recomendo que elabore um plano de networking e um planejamento financeiro para superar a fase em que eventualmente estará desprovido de renda, além de um plano de ações efetivas para participar de forma estruturada nas redes sociais, ou elaborar um bom currículo”, acrescenta.

Cautela e responsabilidade

Os profissionais recém-graduados que se cuidem: segundo Flávia, já caiu por terra o pensamento de que eles levam vantagem na competição com os “trintões”. “Isso não é necessariamente verdade, mesmo porque a banalização dos cursos superiores no Brasil faz com que o jovem tenha que se esforçar em dobro para provar competência”, sublinha. “Hoje, o risco está com eles”, diz.

Como todo patrimônio, a carreira deve ser cuidado com cautela e responsabilidade. Decisões precipitadas, por exemplo, podem resultar em fracasso. “O profissional que se desliga de seu emprego sem ter um plano de recolocação corre alto risco de passar um tempo desempregado, com o nível de ansiedade fora do controle, e isso tudo pode contribuir para que não se saia bem em entrevistas ou negociações para a contratação”, alerta Flávia.

Dar continuidade aos estudos ou buscar uma nova especialização também são opções que enriquecem o currículo de qualquer pessoa. “Isso porque o profissional que se atualiza constantemente não envelhece. Não existe limite de idade quando o assunto é aperfeiçoamento. Estudar é e sempre será uma escolha válida”, garante Flávia.

A importância de estar preparado

Assim como a Daniele, que partiu de uma carreira estável para um trabalho completamente diferente do que costumava fazer, muitos profissionais querem mudar radicalmente a sua atuação no mercado de trabalho. De advogados, querem seguir para o ramo das artes; de arquitetos, sonham em abrir uma loja no comércio. Mas não é tão simples assim.

“É preciso ter consciência de que a dinâmica do mercado atual não abre espaço para aventureiros despreparados. Mentir ou ocultar experiências anteriores são erros imperdoáveis. Hoje em dia, qualquer um pode ter acesso a você e ao seu histórico profissional através da internet”, ressalta Flávia. “Não adianta também apresentar um currículo ‘camuflado’ para parecer mais experiente. Sinceridade, sempre”, finaliza.

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